Parte 1: A carreira de fotojornalista e as agências de notícias fotográficas.

15/05/2012

É grande a frequência de e-mails e mensagens via redes sociais que recebo com pedidos de orientação e dicas de como ingressar na carreira de fotojornalista. Mais precisamente as perguntas são direcionadas a dúvidas iniciar carreira nas agências fotográficas de notícias no Brasil: como entrar para o grupo de fotógrafos de uma agência? Como se dá a relação fotógrafo x agência? Como é feita a remuneração? É rentável ou não? O assunto é amplo, portanto estarei dividindo em dois posts aqui no blog. Vamos a primeira parte:

A grande maioria dos que escrevem são iniciantes ou amantes da fotografia que se identificam com a profissão repórter fotográfico e querem de alguma forma atuar neste segmento achando que o caminho é virar colaborador/parceiro de uma agência fotográfica e vender foto. Seguindo a proposta do blog que é baseada na realidade, já afirmo de cara que este é o primeiro engano. Cortar parte do caminho que deve ser percorrido vai apenas diminuir as suas vivências, aprendizado e amadurecimento.

Antes de seguir com o assunto na realidade atual, gostaria de voltar um pouco ao tempo: em 1947, Robert Capa, George Rodger, Henri Cartier-Bresson e David “Chim” Seymour criaram a Magnum, a primeira agência fotográfica de propriedade dos próprios fotógrafos. Tocados pelo que viram na Segunda Guerra Mundial, os fundadores criam a agência como uma plataforma para apresentar seus pontos de vistas. No Brasil, fotógrafos e fotógrafas que se uniram a partir de 1979 para criar agências como a Angular, a F4 e a Fotograma. Por consequência do surgimento dessas agências, foi possível uma regulamentação da profissão, além do exercício efetivo da Lei de Direito Autoral. Antes delas, os fotógrafos não tinham sequer o direito a ficar com os negativos de suas obras.

Com base na história, fica explícita a essência e a importância do surgimento das agências fotográficas no mundo e no Brasil tanto para o jornalismo quanto para a profissão fotojornalista. Criou-se no passado o fotojornalismo independente, porém hoje a realidade é outra, as agências em sua grande maioria se moldaram na nova realidade do mercado da comunicação em notícias diárias e venda de fotos, mas achar que ingressar e vender fotos irá tornar alguém fotojornalista é grande um engano.

Voltando a ser didática: o fotojornalismo é um ramo da Fotografia onde a informação clara e objetiva, através da imagem fotográfica, é imprescindível. Também pode ser considerado uma especialização do Jornalismo. Através do fotojornalismo, a fotografia pode exibir toda a sua capacidade de transmitir informações. Essas informações são transmitidas pelo enquadramento escolhido pelo fotógrafo diante do fato. Nas comunicações impressas, como jornais e revistas, bem como pelos portais na internet, o endosso da informação através da fotografia é uma constante.

Já que o fotojornalismo é uma especialização do jornalismo, o caminho mais lógico é graduação no curso de jornalismo e especialização na fotografia.  Não que este seja o único, caminho, existem outros. Eu por exemplo, migrei da criação publicitária para a fotografia autoral e comercial, para posteriormente chegar ao fotojornalismo. De treze anos na fotografia, foi somente nos quatro últimos anos que eu comecei a atuar como fotojornalista. Durante 9 anos, prestei serviços para assessorias de imprensa e produzi efetivamente na fotografia artística, documental e autoral com foco sócio-cultural. Depois de muito aprendizado e formação é que me tornei colaboradora de agências fotográficas de notícias, para posteriormente ser freelancer de jornais até ser efetivada como repórter fotográfica no Jornal Metro Rio de Janeiro, do grupo Metro Internacional.

Vale lembrar que a carreira de fotógrafo ou fotojornalista não pode ser construida se baseando somente em informações resumidas cedidas por terceiros, manuais de fotografia, sites, workshops e afins.  Uma carreira se constrói com um longo investimento de tempo em estudo profundo e dedicação. A troca de experiência é válida, mas essa ideia da cultura digital que aparentemente mostra que as coisas podem ser rápidas e resumidas neste caso não é verdadeira. Acho que todos devem acreditar e lutar por realizarem os seus “sonhos” e vocações, mas penso que essa busca deve ser intensa e comprometida ao invés de se tentar trilhar um caminho curto e superficial.

CLIQUE AQUI e a leia também a PARTE 2 do artigo, A carreira de fotojornalista e as agências de notícias fotográficas.